* Cinthia Carvalho

Casos como a tragédia ocorrida em Ribeirão Pires, no Estado de São Paulo, com os irmãos Igor e João Victor, de 12 e 13 anos, são capazes de deixar atônito qualquer cidadão de bem. Nesse caso, espanta ainda o fato de essas mesmas crianças terem ficado algum tempo sob tutela do Estado, mas acabarem retornando a uma família potencialmente ameaçadora, em que o pior aconteceu. Porém, digamos que esses meninos não tivessem sofrido a agressão fatal. O que teria ocorrido?

Tendo trabalhado com jovens infratores, pude acompanhar a violência que permeia suas vidas. Ouvi inúmeros relatos de violência doméstica, sexual, psicológica e de torturas que ocorreram seja em seus lares, nas ruas ou nas diversas instituições por onde a maioria deles passou, o que contribuiu para que tenham se tornado infratores. Naquele espaço, a exceção era o jovem que jamais sofreu uma forma de violência. É fácil constatar que equipamentos públicos não oferecem aos jovens condições de se tornarem cidadãos. O Estado deveria permitir que organizações responsáveis e idôneas operacionalizem esse trabalho, de forma que ele – o Estado – arque com os custos, além de fiscalizar para que recursos não sejam desviados ou sejam mal utilizados. Que sejam possibilitados atendimentos social, psicológico, pedagógico, médico, e o esporte e a cultura façam parte do dia-a-dia, com materiais e instrumentos necessários ao desenvolvimento pleno das atividades.

Todo e qualquer investimento destinado aos jovens trará uma gama enorme de benefícios para a sociedade.

* Cinthia Carvalho, Assistente Social do IHF – Instituto Herdeiros do Futuro
* Artigo publicado no dia 13/09/2008 no Jornal da Estadão, em São Paulo